Nós somos o Poéticas do ENTRE, coletivo de artistas multidisciplinares do Brasil, Argentina, Paraguai, Colômbia, Bolívia e Venezuela. O grupo é sediado na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e coordenado pelos artistas e professores Angi Lazzareti e Fabio Salvatti.

Mergulhamos nos estudos e práticas do corpo, explorando o entre como campo de saber e a escuta como princípio artístico. Vivenciamos investigações e criações artísticas tendo como trajetos os fluxos entre culturas e memórias, entre presença e ausência, e entre escuta e afeto: para este coletivo, escutar os corpos é premissa para escutar o entreTransitamos entre o Teatro, a Performance, o Audiovisual e os Estudos do Corpo, articulando entre-lugares a partir do encontro e da interação artística destes campos. 


O entre pode ser pensado de distintas formas: 1) tanto em relação aos entrelugares que pulsam em nosso próprio corpo a partir do cruzamento entre memórias, saberes, culturas, elementos orgânicos e subjetivos (o corpo é a relação entre suas diversas partes); 2) quanto aos espaços-tempos, movimentos e forças que pulsam entre os corpos uns com os outros (entre um corpo e outro, entre eu e você, entre nós), compreendendo que este entre plural compõe os corpos singulares.


Além de uma série de criações artísticas que podem ser consultadas na aba Portfolio, realizamos uma pesquisa teórico-prática coletiva e continuada. A investigação de linguagem busca desenvolver em cada participante um corpo de afetividade que está aberto ao entre através de uma postura receptiva e disponível; de um tônus corporal atencional (sem relaxamento passivo e sem rigidez controlada); de uma escuta sensível ao dentro e ao fora; de uma abertura ao contato com o outro; de um olhar que não somente busca encontrar algo, mas que acolhe aquilo que encontra seu olhar; de um corpo que desenvolve diferentes formas de dizer, porque desenvolveu diferentes e profundas formas de escutar. 


Desejamos contribuir para a formação de artistas que não apenas se ocupem do desejo de afetar seu público, mas que entendem que para produzir sensibilidade no mundo é necessário, antes, desenvolver sensibilidade em si. Logo, o caminho é aceitar o risco de ser afetado, de tocar esse lugar de afetividade como conhecimento e como experiência dupla, que requer responsabilidade, ética e a consciência da interdependência. Saber que somos afetados e afetamos mutuamente, e que a pluralidade nos constitui como corpos-sujeitos singulares (ser-entre de Jean-Luc Nancy), expande as possibilidades de construirmos matérias poéticas em qualquer linguagem artística. Estar disponível à escuta de si, do espaço, dos outros, dos seres humanos, animais e plantas é uma forma que encontramos de estar-entre