CORPOPARAQUEDAS
A primeira criação coletiva do grupo foi corpoparaquedas. Passamos muito tempo tentando entender se algum tipo de criação coletiva era possível durante o distanciamento social. Tentamos descobrir o que era possívelfazer com as condições que tínhamos, como as limitações das plataformas de reuniões, das conexões de internet oscilantes, das câmeras dos computadores, das ausências insubstituíveis, e dos medos e dores desse momento. Exercitamos acolher cada uma das precariedades e criar não apesar delas, mas com elas. corpoparaquedas é uma experimentação poética em Tecnovívio Performativo, via plataforma Zoom. Tecnovívio Performativo propõe a criação artística a partir de encontros mediados pela tecnologia – o que se tornou a alternativa possível de reunião durante a pandemia. A interação entre corpo, escuta e imagem se revelou um caminho para a criação coletiva, mesmo em tempos de isolamento.
Com corpoparaquedas, exploramos as relações entre proximidade e distância, entre queda e sonho, e entre contágio e afeto.
corpoparaquedas é uma experimentação em Tecnovívio Performativo, via plataforma Zoom. Essa experiência foi desenvolvida no projeto de pesquisa Poéticas do ENTRE: Corpo, Escuta e Criação Artística da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA).
Coordenação: Profa. Dra. Angelene Lazzareti
Performers: Ana Clara Lopes Fank, Angi Lazzareti, Cabocla João da Silva, Erika Ramos, Fuga, Lírio Delmar (João Concer), Artisteza (Mateus Ritter), Milo Torres Umba, Morgana (Lara de Moraes), Rafael Koehler
Edição de vídeo: Fabio Salvatti
Texto inicial: Ailton Krenak- Ideias para adiar o fim do mundo
Músicas: DakhaBrakha- Kolyskova; La Lupe- Puro Teatro; Tonolec- Bienvenidos: Maiche Anawateuo
Junho e Julho de 2020
Duração: 25min.
Link para assistir o trabalho na íntegra:
CLEPSIDRA
A videoperformance Clepsidra foi criada pelos artistas Rafael Koehler e João Victor Concer. O trabalho explora múltiplas experiências temporais a partir da sensação de dilatação temporal promovida pelo isolamento social. Na experimentação, são evocadas rachaduras do tempo e intensos mergulhos na memória. Ainda há tempo no tempo que o tempo já foi. Uma voz de criança perdida dentro da filmadora que não funciona mais. O rosa que sempre esteve na garganta. Agora é água. Expurgo, símbolo, ponteiro, lento, rápido, órgão, pulso.
Performers: Lírio (João Victor Concer) e Rafael Koehler
Edição de vídeo: Angi Lazzareti
Música: Remnants- Cellula e 1979- Deru
Projeto de Pesquisa
Poéticas do ENTRE: Corpo, Escuta e Criação Artística
Orientação: Profa. Dra. Angelene Lazzareti
Universidade Federal da Integração Latino-Americana
UNILA- 2020
Duração: 6min16s
Link para assistir ao trabalho na íntegra:
AMÁLGAMA
Nessa videoperformance a artista Juliana Tonin nos dá a oportunidade de pensar e sentir sobre o corpo. A partir da relação com uma escultura criada por ela (um torso gordo), Juliana coloca em performance a experiência das corpas gordas como existências livres, políticas, legítimas e amadas.
Amálgama questiona os modelos instituídos, que condicionam o que um corpo é, pode, não pode, necessita, deve e como é percebido e narrado. Quais os padrões amalgamados dentro do nosso corpo? E como esses mesmos padrões se desdobram na forma como vemos e escutamos os outros corpos?
Performer: Juliana Tonin
Edição de vídeo: Angi Lazzareti e Cabocla João
Músicas: Água- Uakti, Dança dos Hexagramas- Uakti e Pé- Metá Metá e Elza Soares
Projeto de Pesquisa: Poéticas do ENTRE: Corpo, Escuta e Criação Artística
Orientação: Profa. Dra. Angelene Lazzareti
Universidade Federal da Integração Latino-Americana
UNILA- 2020
Duração: 5min20s
Link para assistir o trabalho na íntegra:
CRISTALINOS
“Eu vejo o mundo entre graus. Mas na escola eu não via, eu não enxergava...”
A videoperformance Cristalinos performada por Iolanda Alves e Cabocla João é uma experimentação sensível sobre o sentido da visão, é um ofertório de olhos e de olhares. Iolanda escolheu explorar aquilo que vê e não vê através dos vidros, os graus das lentes e a moldura desse objeto que tanto revela, quanto esconde.
Performers: Iolanda Alves e Cabocla João
Edição de vídeo: Angi Lazzareti
Música: Momento 7-Grupo Corpo (Arnaldo Antunes e Mônica Salmaso)
Projeto de Pesquisa: Poéticas do ENTRE: Corpo, Escuta e Criação Artística
Orientação: Profa. Dra. Angelene Lazzareti
Universidade Federal da Integração Latino-Americana
UNILA- 2020
Duração: 4min47s
Para assistir ao trabalho na íntegra:
DUPLA RAÍZ
Dupla Raíz é um trabalho criado por Sara Beltrán e Angi Lazzareti. A performance foi elaborada a partir dos compartilhamentos entre as artistas sobre os temas raízes, plantas de proteção, tartarugas, costas e cascos. A ideia dos espelhamentos e das relações entre duplos (claro-escuro, dia-noite, cheio-vazio, quente-frio, perto-longe) foram disparadoras do processo que se deu entre Brasil e Colômbia, online e à distância. “No escuro há pedras que brilham, no entre há linhas invisíveis que tramam corpo e espaço.”
Performers: Angi Lazzareti e Sara Beltran
Edição de vídeo: Angi Lazzareti
Música: 1979- Deru
Projeto de Pesquisa: Poéticas do ENTRE: Corpo, Escuta e Criação Artística
Orientação: Profa. Dra. Angelene Lazzareti
Universidade Federal da Integração Latino-Americana
UNILA- 2020
Duração: 6min34s
Link para assistir ao trabalho na íntegra:
INTÉRMIO
Em Intérmio, as artistas Ana Clara Fank e Cabocla João exploram o fogo como elemento propulsor. Nas experimentações vemos um corpo-fogo iluminando outro corpo em seus diversos reflexos revelados no espelho. São evocadas no gesto e na fala: senhoras que habitam lotações, diretoras de creches, mães, moças de uniforme, donas, tias, senhoritas e caboclas.
Performers: Ana Clara Fank e Cabocla João
Texto: Cabocla João
Edição de vídeo: Angi Lazzareti e Cabocla João
Música: Vesna- DakhaBrakha
Projeto de Pesquisa: Poéticas do ENTRE: Corpo, Escuta e Criação Artística
Orientação: Profa.Dra. Angelene Lazzareti
Universidade Federal da Integração Latino-Americana
UNILA- 2020
Duração: 5min36s
Link para assistir ao trabalho na íntegra:
INVERNADA
Dança dos pés, das plantas dos pés. Ou como montar um outro corpo com os quadradinhos do Zoom. Invernada é uma experimentação performativa criada por Angi Lazzareti, Cabocla João e Iolanda Alves. O disparador da performance foi a pergunta “será que mesmo à distância ainda conseguimos caminhar juntes?” “é o mesmo chão esse que nos ancora sob nossos pés tão distantes?”. A sonorização da performance é da Profa. Dra. Isabel Nogueira (UFRGS).
Performers: Cabocla João, Iolanda Alves e Angi Lazzareti
Edição de vídeo: Angi Lazzareti
Música: Isabel Nogueira
Projeto de Pesquisa
Poéticas do ENTRE: Corpo, Escuta e Criação Artística
Orientação: Profa. Dra. Angelene Lazzareti
Universidade Federal da Integração Latino-Americana
UNILA-2020
Duração: 4min51s
Link para assistir ao trabalho na íntegra:
FOTOPERFORMANCES ENTRECORPOS
No final de junho de 2021 o performer Rafael Koehler e a fotógrafa Sabrina Marthendal foram orientados por Angelene Lazzareti em uma vivência de fotoperformance. O trabalho foi realizado na sala de fotografia do SESC Blumenau e no bosque da Secretaria Municipal de Cultura e Relações Institucionais de Blumenau – SMC. O principal disparador para a experimentação foi o trabalho sobre os trajetos dos movimentos, rastros e a relação entre corpo e espaço, importantes alicerces da pesquisa Poéticas do ENTRE.
“Realizamos o processo de ativação corporal presentes em todos os encontros práticos desta pesquisa. Um disparador poético foi a ideia de múltiplos olhos espalhados em diversas partes do corpo, olhos desejosos por conhecer o espaço novo da sala de fotografia do SESC. Em um processo de relação entre corpo e espaço, trabalhamos também o foco dissolvido e os rastros dos movimentos, sendo estes conceitos super importantes para esta pesquisa. Além da orientação dos meus trabalhos como artista-pesquisador, Angelene realizou uma conversa comigo e com a Sabrina sobre a proposta de que a fotógrafa estivesse presente corporalmente em ação de testemunho em troca comigo, para reforçar o quanto a criação é coletiva e que o encontro entre os artistas seria o centro do processo. A partir de então, Sabrina teve total liberdade para se colocar e experimentar registros com rastros e trabalhar a partir da sua sensibilidade como artista, e o resultado desse testemunho foi muito belo, com imagens que traduzem o olhar sensível da artista fotógrafa Sabrina Marthenadal. São dezenas de fotos resultantes deste ensaio fotográfico que captam com beleza alguns dos conceitos e experimentações por onde passamos nesta pesquisa.” (Rafael)
Outro disparador poético vivenciado durante o processo e que repercutiu na criação foi o seguinte poema de Kazuo Ohno:
Os olhos, abertos assim. Quando o espírito,
de leve, foge por eles, lá de fora chega algo
que se assemelha a um pássaro, um pássaro
feito de espírito – será que ele conseguirá
penetrar no seu espírito sem dificuldade?
Seus olhos estão prontos para permitir sua
entrada? Quando o pássaro está prestes
a entrar, será que você dança com olhos que
o acolhem? Sempre em movimento, com
leveza – é preciso dançar com leveza para
que ele seja acolhido. Como se houvesse
uma porta de entrada e saída do espírito,
uma porta fundamental. Será que o que
nasce com isso é a sua alegria ou a sua
tristeza? O que se passa? No seu ir e vir,
o pássaro bate as asas – é a sua alma que
bate asas de alegria? Ou seria de tristeza?
A realidade muda a todo instante, não é
mesmo? Cuide bem de seus olhos, existem
danças assim, só de olhos. Veja bem, há todo
um mundo que é apenas deles. Então é isso,
vamos tentar com olhos assim.
(Kazuo Ohno)
Todas as fotografias são de Sabrina Marthendal.